A doença renal crônica é a perda progressiva e irreversível das funções dos rins. Os principais fatores de risco são a idade avançada, diabetes, hipertensão arterial, histórico na família de doença renal crônica, doenças autoimunes, uso de medicações tóxicas ao rim, entre outras. A identificação da doença renal crônica é feita, principalmente, através do exame de CREATININA e do EXAME DE URINA.
Quando a doença renal crônica é diagnosticada, o médico clínico ou/e o NEFROLOGISTA devem esclarecer em qual estágio a doença se encontra. Esses estágios variam do um, que é o normal, ao cinco, que é o mais grave, quando é necessária a realização de diálise ou de transplante de rim e os rins estão filtrando menos de 15%.
O planejamento do tratamento depende de diversos fatores, entre eles o estágio no momento do diagnóstico. Portanto, quanto mais precoce for o diagnóstico, melhor é a evolução do tratamento.
As principais medidas para o tratamento da doença renal crônica são:
Controle adequado da pressão arterial: essa é uma medida fundamental para retardar a progressão da doença renal crônica. O ideal geralmente é que a pressão seja mantida abaixo de 130/80 mmHg. A restrição de sal (sódio) é muito importante, para isso deve-se evitar o uso de temperos prontos; saleiro à mesa; alimentos enlatados; sucos em pó; embutidos como salames, salsicha, presunto, mortadela, copa; e queijos.
Controle adequado da glicemia: para os pacientes com diabetes esse é um passo fundamental, sendo recomendado, de forma geral, manter a hemoglobina glicada (HbA1c), um exame de sangue, menor que 7%. Uma dieta adequada é aquela com redução de carboidratos (massas, pães, batata, arroz), preferindo o uso de alimentos integrais. O açúcar livre é proibido e deve ser substituído por adoçantes.
Interrupção do tabagismo: atualmente existem várias formas de tratamento para parar de fumar, incluindo tratamento psicológico e medicamentos. Parar de fumar traz benefícios não só para os rins, mas também para o coração, pulmões e para os vasos sanguíneos.
Tratamento da dislipidemia: reduzir os níveis de colesterol apresenta benefícios não só para os rins, mas também para o coração e vasos sanguíneos. Você deve evitar frituras, molhos e carnes gordurosas.
Controle da perda de proteína da urina: a proteinúria (perda de proteína na urina) significa que há lesão no rim, então reduzir a perda de proteínas é fundamental para diminuir a progressão da doença renal crônica. Há medicações disponíveis hoje que auxiliam na redução da perda de proteína na urina. Converse com seu médico clínico sobre isso ou procure um nefrologista.
Tratamento da anemia: anemia é a diminuição da quantidade de glóbulos vermelhos no sangue. Os glóbulos vermelhos (hemácias) são responsáveis pelo transporte de oxigênio para todas as células do nosso corpo. Quando o paciente tem anemia, dependendo da gravidade, ele pode sentir desânimo, falta de apetite, fraqueza nas pernas, sonolência, falta de ar quando caminha, entre outros.
Será fundamental a avaliação pelo médico para identificar a intensidade da anemia e os estoques de ferro. A principal causa de anemia em pacientes com doença renal crônica é a deficiência de um hormônio chamado eritropoetina. A reposição desse hormônio e o tratamento dos estoques de ferro são importantes para controle da anemia na doença renal crônica.
Tratamento dos distúrbios ósseos e minerais associados à doença renal crônica: é comum ocorrer uma queda dos níveis de cálcio, de vitamina D e/ou um aumento do fósforo e do hormônio produzido pelas glândulas paratireoides (paratormônio-PTH). Para cada uma dessas condições existe um tratamento específico a ser instituído.
Para que o nosso organismo funcione corretamente, o cálcio deve estar presente, ele é importante para a formação do osso, mas também é muito importante para que ocorra a contração de qualquer musculatura do nosso corpo, inclusive a do coração. Ele só é absorvido no nosso intestino se lá também estiver presente a vitamina D ativa (calcitriol). Como a formação da vitamina D ativa ocorre nos rins, os pacientes que têm doença renal crônica podem ter cálcio baixo no sangue, que pode ser reposto a critério médico.
O excesso de fósforo é eliminado por meio dos rins, portanto, no paciente que tem doença renal crônica, ele tende a se acumular no sangue. O fósforo alto no sangue causa coceira e estimula a produção do paratormônio (PTH). Seu nefrologista pode receitar um quelante de fósforo, medicação que deve ser utilizada juntamente com as refeições que têm alimentos ricos em fósforo. A medicação vai grudar em parte do fósforo presente na comida e fazer com que ele seja eliminado junto com as fezes. Talvez você precise fazer uma dieta com redução de fósforo.
O hiperparatireoidismo é a doença que ocorre devido ao estímulo contínuo das paratireoides pelo cálcio baixo e fósforo alto. As glândulas paratireoides crescem para aumentar a produção. Os níveis altos do PTH no sangue levam a uma inflamação e destruição progressiva dos ossos.
Tratamento da acidose no sangue: acidose é a condição de acidez que se desenvolve no sangue porque os rins não conseguem colocar para fora o excesso de ácido que se forma continuamente com o funcionamento do nosso organismo. Às vezes, é necessário o uso do bicarbonato de sódio para ajudar a corrigir esta situação. A acidose pode contribuir para o aumento do potássio no sangue. É importante que o uso do bicarbonato seja feito apenas se o seu médico orientar esse tratamento.
Tratamento do aumento do potássio no sangue (hipercalemia): o potássio é um mineral que tem como fontes principais as frutas e os vegetais. No paciente que tem doença renal crônica, ele tende a se acumular no sangue, pois o rim deixa de eliminá-lo. Quando os níveis de potássio no sangue ficam muito altos, pode ocorrer fraqueza muscular intensa, arritmias e até parada cardíaca.
A principal forma de tratamento é através da dieta, evitando alimentos ricos em potássio como abacate, banana-nanica, banana-prata, figo, laranja, maracujá, melão, tangerina, uva, mamão, goiaba, kiwi, feijão, chocolate, extrato de tomate.
Há medicações para o tratamento do excesso de potássio, que podem ser utilizadas após a indicação do seu médico.
Dieta adequada: não existe uma dieta única para todos os pacientes. Cada paciente deverá ser avaliado de forma individual e ter sua dieta elaborada com o auxílio de um(a) nutricionista. Em geral, a restrição alimentar aumenta na medida em que a doença progride e na medida em que medicamentos não são capazes de manter os níveis de potássio, cálcio, fósforo e ácidos dentro do desejado.
De uma forma geral, será recomendada uma dieta com restrição de sal de cozinha (em torno de 5,0 gramas por dia); restrição de alimentos que contenham muito potássio e/ou fósforo (leite, carnes, refrigerantes a base de cola). Atenção especial deve ser dada ao consumo de proteínas, pois a quantidade e o tipo de proteína a ser ingerida variam com a fase da doença renal.
O médico e o nutricionista são os profissionais que vão ajudar o paciente a encontrar a melhor solução para cada caso.
Preparo do paciente para terapia de diálise ou transplante renal: a abordagem sobre essas terapias inicia-se quando o paciente evolui para função renal ao redor de 20%. É explicado as diferenças entre hemodiálise e diálise peritoneal e averiguada a possibilidade de transplante com doador vivo. O início de umas das 3 terapias irá depender das condições físicas, dos sintomas e dos exames laboratoriais.